Esse é o primeiro relato de experiências com hormônio que vou passar para vocês, onde está descrito a experiência do conceituado criador Alex Damazio, acrescido de comentários meus.
A utilização prática de hormônios mais utilizada no passado era para determinar as cores que as fêmeas carregavam nos seus genes. Isso era muito importante, pois para se fixar ou manter uma linhagem de guppies, os criadores, para não perderem tempo com experiências, ou para verem se não tinham sido enganados numa compra, onde a fêmea era fornecida de outra linhagem.
Outra utilização era de alguns criadores que não desejavam ter suas linhagens criadas por outros, e vendiam as fêmeas estéreis.
O hormônio mais usado nesse caso é o metiltestosterona, que pode ser obtido em farmácias de manipulação.
Preparação:
0,1 g de metiltestosterona em 100 cc de uma solução de 70% de álcool etílico.
A essa solução adicione 900 cc de água destilada.
Coloque a fêmea a ser testada em um pequeno aquário e, a cada 4 litros de água, coloque 2 gotas da solução de hormônio.
A cada dia coloque mais 2 gotas até que as fêmeas apresentem a sua cor.
Assim que ver as cores , mude a fêmea para um aquário com água nova.
Após aproximadamente 1 mês a cor desaparece e a fêmea pode ser cruzada.
Conhecemos casos de pessoas que não tomaram cuidados e tiveram problemas inesperados, pela absorção do hormônio através da pele das mãos e dos braços.
Ao adquirir fêmeas que apresentem colorido muito acentuado em sua nadadeira caudal, desconfie. Provavelmente ela foi testada com hormônios e, se os efeitos da coloração estão fixados, a fêmea poderá estar estéril.
Geralmente as fêmeas de guppy não têm cor nas barbatanas caudais, mas existem linhagens em que as fêmeas foram selecionadas por muitas gerações para ter côr nas nadadeiras caudais. Eu tenho uma linhagem , em que as fêmeas têm bastante vermelho em suas caudais. Cabe a nós analisarmos esses casos.
Observe bem se a nadadeira anal está muito afunilada, pois essas fêmeas não servirão para procriação, pois possivelmente já estão estéreis definitivamente.
Assim se testavam fêmeas há 30 anos atrás, e nos próximos artigos serão mostrados mais detalhes dos efeitos desses hormônios, sua reversão e também os cuidados que se deve ter na sua manipulação.
Carlos Beserra
O Uso de Hormônios - Parte 2
Dando prosseguimento ao nosso assunto sobre hormônios, a seguir vamos ver a experiência de quem foi considerado o pai dos guppies, o criador americano Paul Hannel, que também foi um grande pesquisador nessa área.
Sabemos que as características masculinas e femininas são determinadas por secreções glandulares, que são conhecidos por hormonas.
Sabemos também que, se castrarmos animais jovens(por exemplo pintos) de ambos os sexos, esses ao crescerem serão muito parecidos fisicamente.
No caso do guppy, por experiências realizadas, podemos afirmar que se aplicarmos hormônios masculinos a uma fêmea, as características que a fêmea passa a exibir são as características que já existiam em seus genes, mas que entretanto não se mostravam, pois estavam reprimidas pelas hormonas femininas.
Na fêmea submetida ao tratamento com hormônio masculino aparecerão características masculinas, mostrando que esse aparecimento veio do próprio gene feminino , mostrando que, por exemplo, as cores que a fêmea passa a apresentar nas nadadeiras caudal e dorsal se encontram no cromossoma X, e não somente no cromossoma Y (masculino) como se pensava anteriormente.
Com base em experiências realizadas por diversos pesquisadores criadores pelo mundo, concluiu-se o seguinte:
Não se deve aplicar hormônio masculino a fêmeas que ainda não atingiram totalmente seu crescimento, pois esses hormônios inibem seu crescimento.
A aplicação de hormônio feminino a machos fazem com que esses machos cresçam mais.
A aplicação de hormônio feminino em um aquário com guppies adultos e alevinos tornou mais lento o crescimento das fêmeas e diminuiu seus tamanhos finais. Já nos machos jovens, o tamanho deles aumentou na época da sua maturidade sexual. Nos machos em idade mais avançada (após 6 meses de idade), houve uma diminuição da cor e um aumento nos seus tamanhos.
Hormônio = Secreção glandular lançada no sangue, e que atua sobre funções orgânicas como excitante ou regularizador.
Eu acho que, com base nessas experiências, se algum dia precisarmos se utilizar dessas técnicas, o trabalho será bem facilitado, pois poderemos queimar etapas em nossos experimentos, e muito mais rápido alcançarmos nossos objetivos.
Carlos Beserra.
O Uso de Hormônios - Parte 3
Dando prosseguimento ao nosso assunto, primeiro vou responder à pergunta do que pode ocorrer a nós pelo uso incorreto de hormônios.
Quem poderia responder isso melhor seria alguém da área médica, mas o que sei é que:
Se mulheres tiverem contato com hormônios masculinos, pode ocorrer o crescimento de cabelos nas mãos, braços, pernas, bigode, etc...
Se homens tiverem contato com hormônio feminino, pode haver a perda de cabelos nessas regiões. Também pode haver o crescimento de seios nos homens. Muita coisa a mais pode ocorrer, ou seja, com os homens adquirindo caracteres femininos e as mulheres adquirindo caracteres masculinos.
Portanto todo cuidado é pouco. Quando fizer um teste com hormônios nunca deixe ele ficar em contato com a pele.
Nunca coloque a mão dentro de um aquário sem luvas adequadas.
Tudo que usar num aquário, nunca use em outro, antes de fazer uma boa limpeza.
Não faça esse teste em casas com crianças, pois as mesmas na sua ausência podem mexer nessa água.
Pessoal, é tanta coisa para lembrar que pode ser que alguém já tenha esses procedimentos detalhados. Quem sabe nossos amigos Vladimir ou Manuel Vazquez já tenham isso pronto, ou possam acrescentar algo.
Vamos ver agora algumas experiências que foram realizadas por antigos companheiros:
Na década de 70 tivemos diversos aquaristas que pesquisaram a hormonização em guppies.
Um deles foi o médico Vicente Capuano que testou com sucesso a aplicação de comprimidos de anabolizantes, como o Becorel.
Eu, Carlos Beserra, também fiz, mas utilizei o método descrito no artigo anterior e utilizado também pelo Alex Damazio, e posso atestar sua eficiência.
Outro médico de nome Henrique Fonseca utilizava um comprimido de Dianabol em um aquário de 50X30X30. Nesse seu aquário, os alevinos logo depois de perder o saco vitelino (segundo dia de vida), já passavam a apresentar suas cores.
Outro que pesquisou anabolizantes foi o dr. Carlos Baldarelli, que utilizava o remédio Wintrol, ou o Durabolin Oral.
A dosagem era 1/8 de um comprimido de Wintrol (hormônio masculino) de 120 mg dissolvido em um pote de 50g de patê de Gordon. Eram utilizados no teste somente fêmeas com idade em torno de 5 meses.
Depois de totalmente anabolizadas (aparecendo as cores), as fêmeas eram tratadas com outro patê de Gordon, onde era colocado em cada vidro de 50g 20 gotas de Degraafita, que é um hormônio folicular cristalizado e também um comprimido de Orageston,(hormônio feminino) constituído de 5 mg de Allil-Estrenol, mais excipiente para atingir 250 mg.
A aplicação dos hormônios femininos não prejudica a coloração aparecida nas fêmeas anabolizadas, nem provoca nenhum distúrbio nos machos, portanto pode ser dado esse patê a machos e fêmeas.
As femêas anabolizadas por esse processo mostram todas as suas cores e permanecem com a capacidade de se reproduzirem.
Esse processo de fornecer hormônios femininos a fêmeas já anabolizadas para com isso torná-las férteis outra vez já foram também utilizadas com sucesso por mim . Ano passado levei 3 meses para conseguir reverter uma fêmea de guppie Moscow , e conseguir tirar crias dela.
Esse histórico desse inicio de experiências aqui entre nós é importante como conhecimento, mas acredito que hoje tenhamos produtos melhores para chegarmos ao mesmo resultado. Acho mesmo que grande parte desses medicamentos citados aqui não existam mais, conforme pesquisa que fiz em farmácias há tempo atrás.
Como vocês puderam ver aí, acabaram de tomar conhecimento com a pré-história da utilização de hormônios em peixes, hehehe
Leandro, agora que te passei o nome das drogas, vê aí com seu pai se existem ou se têm similares.
Um abraço
Carlos Beserra.
O Uso de Hormônios - Parte 4
Embora algumas coisas possam estar sendo repetitivas, abaixo vai um artigo sobre hormonização de guppies, sendo que esse artigo eu nem lembro a fonte, pois estava escrito num caderno velho que eu tenho.
Quando queremos cruzar um casal de guppies e já ter uma idéia do resultado desse cruzamento, deveríamos conhecer o potencial dos reprodutores.
Com relação ao macho podemos só olhar para ele e ver as cores que ele carrega em seu material gênico, entretanto em relação às fêmeas, muitas delas não apresentam cor no corpo ou nas suas nadadeiras.
O que os criadores fazem normalmente é criar os peixes que foram resultado desse cruzamento e ver sua aparência quando crescerem.
O grande problema é o tempo até você ver esses resultados, além do número de aquários para essas experiências.
O que alguns criadores faziam era aplicar uma certa quantidade de hormônio masculino em um aquário só com as fêmeas que se queria conhecer seu potencial de cores.
Com o conhecimento das suas cores, era bem mais fácil orientar os cruzamentos, pois as cores que as fêmeas passaram a mostrar é a cor que elas passariam a seus alevinos.
Uma coisa tão fácil essa descrita acima, porque poucos ou ninguém a utiliza?
Dependendo das doses aplicadas as fêmeas se transformam, elas perdem a capacidade de reproduzir e sua aparência se aproxima da aparência de machos, inclusive com a transformação de sua barbatana para um gonopódio parcialmente desenvolvido. Essa fêmea a partir desse momento, não funcionará mais como fêmea, nem como macho.
Como já disse em email anterior, nessa época, com as dosagens e drogas existentes e utilizadas não se conseguia a transformação completa de uma fêmea em um macho apto a reproduzir. Estou interessado em relatos de experiências desse tipo.
Carlos Beserra.
O Uso de Hormônios - Parte 5
Num ultimo artigo sobre hormônios, senão o pessoal daqui vai me expulsar da lista, abaixo vai uma tradução de um texto de muito boa qualidade da Pet Library , acrescido de comentários.
Não conseguimos ver na maioria das fêmeas de guppy as cores e as características que elas carregam em seus cromossomas.
Com a aplicação de hormônio, as características que estavam reprimidas sexualmente pelo gene, se tornam aparentes.
Se o hormônio for aplicado de maneira correta e apenas para conhecimento das fêmeas, seu efeito é temporário.
Se o objetivo for outro, como aumentar o tamanho dos machos ou fazer com que as fêmeas se tornem coloridas permanentemente, a dosagem de hormônio deverá ser aumentada.
Entretanto hormônios são substancias perigosas de se manusear, portanto tome muito cuidado com isso.
Nunca coloque suas mãos na água do aquário que contenha hormônio.
Sempre use luvas de borracha ou silicone para manuseá-lo.
Quando for sifonar a água desse aquário , nunca use a boca para isso.
Todos os equipamentos utilizados nesse aquário, como filtros, redes, alimentadores, pedra porosa, etc.. devem ser isolados dos demais e limpos separadamente.
Se tiver crianças em casa, nem pense então em usar hormônios.
O hormônio pode ser aplicado na comida seca se esse hormônio for em pó.
O hormônio também pode ser aplicado diretamente na água do aquário.
Para se ver temporariamente as cores das fêmeas, usando hormônio masculino (Methyl Testosterone), (Oregon M) usa-se uma dosagem entre 0,005 e 0,01 mg/gal, repetida todos os dias, pelo menos até 5 semanas ou até que tenha resultado em todas as fêmeas, sendo que isso pode demorar até 3 meses.
Para quem interessar fazer a conversão: 1 gal (galão) = 3,78 l (litros)
Depois espere de 2 a 4 semanas após o término do tratamento com hormônio, sendo que com o tempo o efeito desse hormônio nas fêmeas vai desaparecer.
O hormônio aplicado nas dosagens certas não causam danos aos orgãos reprodutores.
Se você continuar dando continuamente hormônio masculino para suas fêmeas em comida seca ou em dosagens diretamente na água, de 0,2 mg/gal todo dia ou 0,8 mg/gal a cada 7 a 10dias, os efeitos vão aparecendo:
7 a 9 dias - A barbatana anal diminui de tamanho e toma o formato de um gonopódio.
10 a 13 dias – As cores começam a aparecer.
24 a 32 dias – As cores aparecem totalmente e as nadadeiras dorsal e anal tornam-se maiores.
Depois de 32 dias – O peixe torna-se agitado e pode até mesmo morrer.
Entretanto podem ocorrer variações nesses períodos de dias acima, dependendo da linhagem testada.
Quando interrompemos a aplicação, a fêmea leva um grande tempo para voltar ao seu formato original(3 meses ou mais).
Com relação aos machos, a aplicação de hormônio feminino (Estrone, Estriol, Estradiol), pode ser feita, mas seus efeitos são bem menores que o apresentado pelas fêmeas quando tratadas com hormônio feminino.
Se você aplicar hormônio feminino a machos com idade aproximada de 1 mês, certas características de fêmeas, como um maior tamanho podem ser obtidas.
Quando você pára a aplicação do hormônio, os machos desenvolvem suas características sexuais masculinas, como seus gonopódios, entretanto mantêm seus tamanhos maiores.
Dosagem de Hormônio Feminino:
Progynon (Shering Co)
0,1 mg/gal todo dia
ou
0,4 mg/gal a cada 7 a 10 dias
Comece a aplicação quando os machos tiverem idade aproximada
de 1 mês.
Tempo:
Até 20 dias de tratamento = efeito suave (brando)
40 a 80 dias = alguns machos desenvolvem ovários.
Até 100 dias = mais de 90% dos machos mudam de sexo.
150 a 190 dias = as glândulas sexuais podem atrofiar para 15% do seu tamanho original.
O uso de hormônio feminino em machos adultos só serve para diminuir suas cores, com possível esterilização. Esse tratamento não é recomendado.
Também não são recomendados a aplicação de hormônio masculino em machos e hormônio feminino em fêmeas, pois eles não produzem quaisquer efeitos de valor e podem causar efeitos indesejáveis como a esterilidade.
A única razão de se utilizar essas práticas descritas acima seria para acelerar o tratamento de possíveis reversões dos processos descritos anteriormente.
Como pudemos ver, pela experiência que tínhamos nessa época, poucos benefícios podíamos tirar do uso de hormônios, a não ser testar fêmeas e aumentar tamanho de machos, o que eu acho que não compensa, pois o correto é aumentarmos os tamanhos somente pela seleção de reprodutores.
Não adianta ter peixes muito grandes se os mesmos não vão suportar seu próprio peso. Sou a favor de peixes que por seleção genética, embora fiquem diferentes dos originais, mantenham a força, o vigor e o equilíbrio ao nadar ou ao dançar para as fêmeas.
Como todas essas experiências foram realizadas há muito tempo, seria interessante quem tiver conhecimento de testes mais recentes, que nos passe essa experiência, para nos atualizarmos, embora atualmente eu nunca mais tenha visto publicações novas sobre esse assunto.
Carlos Beserra.
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